quarta-feira, dezembro 13, 2006

InCondicional





Lado A
Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo céu
Fiz de tudo cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios
E quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor do fel
É de cortar

Lado B
Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios
Sei
tanto te soltei
Que você me quis
Em todo o lugar
Li em cada olhar
Quanta intenção
Eu vivia preso



Meio
Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia
o que mais?
E alguma coisa a gente tem que amar
Mas o que, não sei mais
Os dias que eu me vejo só são dias
Que eu me encontro mais
e mesmo assim
Eu sei também
existe alguém pra me libertar


sábado, abril 01, 2006

Encontros e despedidas



Ela chegou de mansinho, passo leve, andar gracioso, sabia onde colocava cada pé, completamente dona da situação. Parou para se aprumar e logo percebeu que ele estava por ali. Velhos conhecidos.

Diferente dela, ele veio meio estabanado, olhando para todos os lados, sem saber para onde ir. Também tem sua graça mas parecia bem mais bobalhão. Assim que entrou sabia que ela estava presente, perfume inconfundível.
Quando se olharam a consternação era evidente, ela arisca, ele desconfiado, velhos conhecidos mas estavam há um tempo sem se ver. A noite foi passando e eles ali, eram amigos mas tinha uma certa tensão no ar, cada movimento de um gerava uma reação contrária no outro, arriscavam aproximações leves, mas não ousaram muito. Ela olhava fixo para ele, queria algo, ele olhava para os lados disfarçadamente. Num descuido se tocaram. A reação foi mais instintiva que proposital, ele recuou e ela pulou de lado.


Ela que chegou manhosa, saiu apressada. Ele que não sabia o que esperar ficou sem reação, entre o se correr o bixo pega, se ficar... Não há nada mais cômico que os encontros de um cachorro com uma gata.

quinta-feira, março 23, 2006

Modismo



O bom de ser um pensador é saber que nossas teorias podem e devem mudar. Já afirmei aqui neste espaço que o canalha nasce canalha e não se torna canalha....bem, isso pode não estar certo.

A dúvida é bem mais geral que isto, é biológica e social. Existem características genéticas "naturais" e as modificações causadas por influência externa. O comportamento social moderno é um exemplo de influência externa. Cada vez mais suprimimos os instintos em prol de uma convivência melhor e mais pacífica (o que até pode ser bom no final das contas). Mas muito do socialmente aceito não é natural na espécie humana é uma adaptação a um sistema de vida.

O ponto é, até onde vai essa influência? Que é capaz de mudar hábitos, gostos e opiniões é claro, mas será que chega ao ponto de nossas pré-disposições genéticas? Será que chega ao ponto de influenciar na orientação sexual? (Se é que isso é genético...)

Cada vez mais vejo os netos¹ da revolução sexual se comportando de uma maneira que parece mais modismo que uma orientação sexual. Meninas beijam meninas nas ruas mais pra impressionar, causar impacto, fazer algo diferente, do que como uma orientação sexual. Isso deve acontecer com meninos também, mas ai o furo é mais embaixo, a sociedade tolera mais facilmente o comportamento homosexual feminino do que o masculino. Não pode-se negar que essa nova geração é bem desencanada com a questão da sexualidade, esse é o fruto da revolução. Mas como subproduto veio o modismo que ser homo é cult, ou melhor, ser bi é cult, não ficar "limitado" pelo gênero. Então, não sei ao certo se o que acontece é que, com toda liberdade de escolha sexual, com respeito pelas opções e tal, as pessoas estão demostrando mais suas tendências ou se a tendência que isso seja socialmente aceito² esteja fazendo que alguns tomem essas opções como uma maneira de aparecer. Deve ter das duas coisas, lógico, mas o que mais vejo é o modismo.

Se essa influência externa pode chegar tão profundamente, pode até mudar uns homens chatos pra uns canalhas, não?


____________________________
¹ A segunda geração após a revolução sexual, a gurizada com idade entre 12 e 17 anos aproximadamente.
² Leia bem...socialmente aceito, não estou discutindo se é normal ou não...só aceito pela sociedade!!!

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Confissões



Simpático diário. Faz quase um ano, muitos meses na verdade, que não escrevo nada. Aconteceu o que de pior pode acontecer a um vagabundo e canalha como eu, arrumei um emprego. O emprego não me deixa ser, efetivamente, nenhum dos dois!! Entende o problema fundamental? Ser canalha demanda tempo, ao ser vagabundo o que mais sobra é tempo, uma união perfeita, mas trabalhando não sou, nem querendo, vagabundo e portanto, sem tempo pra ser canalha.


Esse ano, semestre pelo menos, vou ter um intervalo pra almoço um pouco maior, então vou tentar escrever alguma coisa de vez em quando. As idéias continuam na mente, só não passam pro papel. A tecnologia também não colabora, o sistema de comentários que eu usava não existe mais, tô mudando...todos os comentários anteriores vão ser perdidos...vou republicar como comentário só os dos últimos posts, tudo ia dar muito trabalho. O servidor de imagens que eu usava também saiu do ar...vou ter que encontrar outro...mas tão logo quanto possível vou estar escrevendo de novo.